A síndrome da gaiola é a constatação de um fenômeno comportamental relacionado à necessidade de se manter seguro, dentro de casa, diante da pandemia.

É importante frisar que o que estamos chamando de síndrome da gaiola, ou “cave syndrome” nos países de língua inglesa, não é um diagnóstico médico, mas sim a constatação de um fenômeno comportamental relacionado à necessidade que todos tivemos de nos manter seguros em virtude da pandemia.

Dentro desse contexto, portanto, é um fenômeno que faz sentido estar presente neste momento da história”, destaca o psiquiatra Alexandre de Araújo Pereira, doutor em medicina pela UFMG, consultant psychiatrist, Ph.D., professor do curso de medicina e do mestrado em ensino em saúde da Unifenas-BH.

Alexandre de Araújo Pereira afirma que, sem dúvida, a síndrome da gaiola é imposta diante do medo do contágio, da doença, da morte ou de suas sequelas, caso alguém adoeça gravemente. Esse por si só é um componente poderoso que, em algumas pessoas, pode gerar atitudes extremas, como condutas fóbicas.

“Nesses casos, o medo gera certa distorção da avaliação da realidade. Por exemplo, uma pessoa já vacinada, sem comorbidades, entrar em pânico se precisar sair para resolver necessidades pessoais, mesmo que os riscos de aglomeração ou de contágio sejam mínimos.”

Mas algumas pessoas podem ter se beneficiado dessa necessidade temporária de mudança, explica o psiquiatra. Pessoas tímidas, ansiosas e inseguras no contato social face a face, por exemplo. Ou pessoas com traços paranoicos de personalidade, que estão sempre achando que as pessoas querem prejudicá-las. Essas podem ter resistência em querer sair.

“Há também situações mais objetivas, como ser mais barato estudar em casa, sem ter que arcar com os custos de morar fora, por exemplo. São situações em que a experiência do isolamento físico pode ter trazido benefícios, e é muito difícil mudar de hábitos quando eles nos favorecem nitidamente.”

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