Aspectos Gerais
Dependência química é um problema complexo de saúde e está fortemente relacionado com múltiplos fatores como: questões culturais, sócio econômicas, história pessoal e contextos de mudança de vida, que podem contribuir com uma mudança de hábito no consumo de alguma substância psicoativa e levar a um comportamento compulsivo e, por consequência, uso nocivo ou dependência de drogas. A Organização Mundial de Saúde estima que 01 a cada 10 pessoas adultas fazem uso abusivo ou são dependentes de álcool ou outras drogas. Portanto, pode se dizer que é um problema de saúde e social muito relevante na atualidade.
Infelizmente, em virtude da complexidade do problema, os resultados do tratamento são pouco previsíveis, já que dependem de fatores como: gravidade da dependência química, presença de transtornos psiquiátricos subjacentes, estrutura de personalidade e contexto sócio familiar do dependente químico. Mesmo em serviços de saúde especializados, raramente a taxa de sucesso em 01 ano, considerando um desfecho de abstinência total, raramente é maior que 30 %.
Em virtude dessa dificuldade, nos últimos 20 anos, várias substâncias com características de modificar o estado de consciência tem sido testada para auxiliar no tratamento da fissura e da abstinência em pessoas com dependência química, com destaque para a Ibogaína.
O processo de dependência química no cérebro
O tratamento com a Ibogaína
A Ibogaína é um alcaloide alucinógeno, extraído da raíz da planta Tabernanthe iboga, proveniente de países africanos como os Camarões, Congo e o Gabão. Suas propriedades de redução da fissura da dependência de opióides, foi descoberta nos anos de 1960, mas apenas nos anos 2000 passou a ser utilizado de forma mais sistemática em clínicas de tratamento para dependentes químicos. Cerca de 4.000 casos de pacientes que usaram Ibogaína mundo a fora já foram relatados pela literatura. Embora não haja estudos robustos de que esse tratamento funcione, em virtude de a Ibogaína não ser uma droga regulamentada na maioria dos países, há um grande número de relatos de casos que apontam taxas de resposta ao redor de 60% se comparado a outros tratamentos farmacológicos. A Ibogaína também é considerada uma droga segura. Até 2015, 24 casos de óbito haviam sido relatados na literatura, especialmente em situações em que não havia avaliação médica prévia ou cuidados médicos durante a fase de ataque do uso da planta para fins medicinais. Os efeitos colaterais mais comuns ocorrem apenas durante o dia do uso da Ibogaína e são eles: náusea, vômitos, alteração da marcha (ataxia), tremores, dores de cabeça e confusão mental.
Indicações para o uso da Ibogaína
Dependência grave de drogas, especialmente – cocaína, crack e opióides (fissura e na crise de abstinência). Podem potencialmente se beneficiar do seu uso, dependentes de álcool, tabaco, anfetaminas e multiusuários de drogas.
Os pacientes precisam ser voluntários e estarem motivados para o tratamento, além de concordarem com um monitoramento posterior, que pode ser presencial ou à distância, de pelo menos 01 ano pós o uso da Ibogaina.
Contra indicações formais do uso de Ibogaína
- Uso de Mirtazapina ou medicamentos / alimentos metabolizados pelo CYP-2D6 (sistema microssomal hepático responsável pela eliminação da Ibogaína),
- Drogas e condições clínicas que provocam intervalo Q-T prolongado (antipsicóticos, anti histamínicos, na abstinência e álcool e cocaína).
- Gestação, cirurgia prévia nos últimos 6 meses, diabetes descontrolada, hipertensão descontrolada, insuficiência renal e hepática, Demência, Doença de Parkinson e Transtornos psiquiátricos graves (especialmente Psicoses e Transtorno de Personalidade de difícil tratamento).
- Ter ingerido álcool ou drogas há menos de 30 dias do início do tratamento
Contra indicações relativas do uso de Ibogaína:
- Doenças de fígado, úlcera péptica, tumores cerebrais, obesidade, hipertensão arterial. Não ter usado drogas nos últimos 30 dias.