Transtornos Fóbicos e Ansiosos

O Transtorno Ansioso Social, também conhecido como Transtorno da Ansiedade Social, vulgarmente chamado de fobia social ou sociofobia, é caracterizado por manifestações de alarme, tensão nervosa, medo e desconforto desencadeadas pela exposição à avaliação social — o que ocorre quando o portador precisa interagir com outras pessoas, realizar desempenhos sob observação ou participar de atividades sociais. Tudo isso ocorre até o ponto de interferir na maneira de viver de quem o sofre.

Transtornos de Ansiedade Generalizada (TAG)

A ansiedade é uma reação normal diante de situações que podem provocar medo, dúvida ou expectativa. É considerada normal a ansiedade que se manifesta nas horas que antecedem uma entrevista de emprego, a publicação dos aprovados num concurso, o nascimento de um filho, uma viagem a um país exótico, uma cirurgia delicada, ou um revés econômico. Nesses casos, a ansiedade funciona como um sinal que prepara a pessoa para enfrentar o desafio e, mesmo que ele não seja superado, favorece sua adaptação às novas condições de vida.

O transtorno da ansiedade generalizada é um distúrbio caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”, persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono.

É importante registrar também que, nesses casos, o nível de ansiedade é desproporcional aos acontecimentos geradores do transtorno, causa muito sofrimento e interfere na qualidade de vida e no desempenho familiar, social e profissional dos pacientes.

O transtorno da ansiedade generalizada pode afetar pessoas de todas as idades, desde o nascimento até a velhice. Em geral, as mulheres são um pouco mais vulneráveis do que os homens.

Os sintomas podem variar de uma pessoa para outra. Além dos já citados (inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular) existem outras queixas que podem estar associadas ao transtorno da ansiedade generalizada: palpitações, falta de ar, taquicardia, aumento da pressão arterial, sudorese excessiva, dor de cabeça, alteração nos hábitos intestinais, náuseas, aperto no peito, dores musculares.

O diagnóstico do TAG leva em conta a história de vida do paciente, a avaliação clínica criteriosa e, quando necessário, a realização de alguns exames complementares.

Como os sintomas podem ser comuns a várias condições clinicas diferentes que exigem tratamento específico, é fundamental estabelecer o diagnóstico diferencial com TOC, síndrome do pânico ou fobia social, por exemplo.

O tratamento do TAG inclui o uso de medicamentos antidepressivos ou ansiolíticos, sob orientação médica, e a terapia comportamental cognitiva. O tratamento farmacológico geralmente precisa ser mantido por seis a doze meses depois do desaparecimento dos sintomas e deve ser descontinuado em doses decrescentes.

Recomendações:

  • Se você é visto como alguém de estopim curto, que anda sempre com os nervos à flor da pele e tem muita dificuldade para relaxar, provavelmente chegou a hora de procurar um médico para avaliar esse estado permanente de tensão e ansiedade;
  • Se você cobra muito de si mesmo, está sempre envolvido em inúmeras tarefas e pressionado pelos compromissos, tente pôr ordem não só na sua agenda, mas também na sua rotina de vida, sem esquecer de reservar um tempo para o lazer. Se não conseguir sozinho, não se envergonhe, peça ajuda.

Agorafobia

A agorafobia é outro distúrbio de ansiedade que, na maioria das vezes, está associado às crises de pânico. Formada por dois radicais gregos – ágora, nome dado às praças onde se realizavam trocas de mercadorias ou reuniões do povo e fobos, que quer dizer medo, – inicialmente, a palavra era empregada para indicar o medo que as pessoas sentiam em lugares abertos. Hoje, o significado é muito mais amplo. Na Medicina, palavra é usada para definir comportamentos de esquiva, que aparecem quando a pessoa se encontra em situações ou locais dos quais seria difícil ou embaraçoso escapar ou mesmo receber socorro se algo de errado acontecesse. Nos casos mais graves, a agorafobia compromete a vida social e profissional dos pacientes.

A principal característica da agorafobia é estar associada ao transtorno de pânico. Geralmente, a pessoa relaciona esse transtorno a determinadas situações ou ambientes e passa a evitá-los com medo que deflagrem ataques de pânico. Por exemplo, sair de casa sozinha. Se algum dia ela saiu de casa a pé ou de carro e passou mal no trânsito, evita sair desacompanhada. Precisa sempre de alguém de confiança por perto. Mesmo dentro de casa, se teve um ataque de pânico, dormindo ou enquanto tomava banho, não consegue mais ficar sozinha.

As situações que desencadeiam o processo são muitas. O agorafóbico teme enfrentar congestionamentos, passar por túneis e pontes, viajar em estradas que não tenham telefones de emergência instalados a cada um ou dois quilômetros, porque julga que sair dali será difícil ou embaraçoso ou, ainda, porque o socorro não estará disponível se ocorrer uma emergência.

Há indivíduos que só apresentam manifestações fóbicas, de ansiedade, em ambientes fechados. O caso da sua amiga que teve um ataque de pânico situacional por estar dentro de um elevador fechado é típico da claustrofobia (uma forma restrita de agorafobia), mas diferente do da bilheteira de cinema que não conseguia ficar dentro da cabine com a porta fechada, o que estava criando problemas com o gerente. Essa evitava qualquer tipo de lugar fechado. Não entrava em elevadores, nem utilizava o metrô com pavor de que parasse nos túneis e ela não conseguisse escapar.

A causa da maioria dos transtornos mentais é multifatorial. Provavelmente, existe vulnerabilidade biológica ou genética para alguns transtornos. No entanto, não existem estudos conclusivos sobre transtornos como a agorafobia e a fobia social.

Uma das teorias é que condicionamento aversivo ou experiência desagradável possam detonar o processo. Um exemplo é o da pessoa que estava num elevador lotado quando ele enguiçou. Até aí nada demais, se ela não tivesse se sentido mal e vomitado. A partir dessa experiência desagradável, ela deixou de entrar em elevadores temendo que algo parecido lhe acontecesse de novo.

A outra teoria é a educação. Pais superprotetores criam filhos chamando muito sua atenção para os perigos da vida. Por isso, a pessoa pode desenvolver fobia de avião, mesmo sem ter tido qualquer experiência aversiva, nem sequer entrado num avião, se crescer num ambiente em que o tempo todo a família conversa sobre desastres aéreos e o número de mortes.

Síndrome ou Transtorno do Pânico

A síndrome ou transtorno do pânico (ansiedade paroxística episódica) é uma doença que se caracteriza pela ocorrência repentina, inesperada e de certa forma inexplicável de crises de ansiedade aguda marcadas por muito medo e desespero, associadas a sintomas físicos e emocionais aterrorizantes, que atingem sua intensidade máxima em até dez minutos. Durante o ataque de pânico, em geral de curta duração, a pessoa experimenta a nítida sensação de que vai morrer, ou de que perdeu o controle sobre si mesma e vai enlouquecer. A primeira crise pode ocorrer em qualquer idade, mas costuma manifestar-se na adolescência ou no início da idade adulta, sem motivo aparente. O episódio pode repetir-se, de forma aleatória, várias vezes no mesmo dia ou demorar semanas, meses ou até anos para surgir novamente. Pode também ocorrer durante o sono.

Não fazer a menor ideia de quando, ou se, a crise vai acontecer, gera um estado de tensão e ansiedade antecipatórias propício ao desenvolvimento de outras fobias. A mais comum é a agorafobia, distúrbio da ansiedade marcado pelo temor de encontrar-se em espaços abertos com muita gente ou em lugares fechados, dos quais o portador da síndrome não possa sair se tiver um ataque de pânico.

O transtorno do pânico atinge mais as mulheres do que os homens. Atribui-se essa frequência maior no sexo feminino à sensibilização das estruturas cerebrais pela flutuação hormonal, visto que a incidência de pânico aumenta no período fértil da vida.

O ataque de pânico começa de repente e apresenta pelo menos quatro dos seguintes sintomas:

  1. medo de morrer;
  2. medo de perder o controle e enlouquecer;
  3. despersonalização (impressão de desligamento do mundo exterior, como se a pessoa estivesse vivendo um sonho) e desrealização (distorção na visão de mundo e de si mesmo que impede diferenciar a realidade da fantasia);
  4. dor e/ou desconforto no peito que podem ser confundidos com os sinais do infarto;
  5. palpitações e taquicardia;
  6. sensação de falta de ar e de sufocamento;
  7. asfixia;
  8. sudorese;
  9. náusea ou desconforto abdominal;
  10. tontura ou vertigem;
  11. ondas de calor e calafrios;
  12. adormecimento e formigamentos;
  13. tremores, abalos e estremecimentos.

Com frequência, portadores da síndrome do pânico apresentam quadros de depressão. Em alguns casos, alguns buscam no alcoolismo uma saída para aliviar as crises de ansiedade.

Ainda não foram perfeitamente esclarecidas as causas do transtorno do pânico, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais, estresse acentuado, uso abusivo de certos medicamentos (as anfetaminas, por exemplo), drogas e álcool, possam estar envolvidos.

É muito importante estabelecer o diagnóstico diferencial com outras doenças que apresentam sintomas semelhantes, tais como os ataques cardíacos, o hipertireoidismo, a hipoglicemia e a epilepsia, por exemplo, para orientar corretamente o tratamento.

O tratamento do transtorno do pânico inclui a prescrição de medicamentos antidepressivos (tricíclicos ou de nova geração), e psicoterapia, especialmente a psicoterapia cognitivo-comportamental, que defende a exposição a situações que provocam pânico, de forma sistemática, gradual e progressiva, até que ocorra a dessensibilização diante do agente agressor.

Geralmente, a medicação precisa ser mantida por períodos mais longos e descontinuada progressivamente por causa do risco de recaídas.

Recomendações:

  • Saiba que o diagnóstico do transtorno do pânico pode ser retardado, porque alguns dos sintomas físicos da doença podem ser confundidos com os sinais característicos do infarto;
  • Procure distinguir a ansiedade normal do transtorno de ansiedade. A primeira é essencial para enfrentar os perigos reais que põem a sobrevivência em risco. Vencido o desafio, o sentimento é de alívio. Já a ansiedade patológica, uma reação desproporcional ao estímulo que a desencadeia, causa sofrimento, altera o comportamento e compromete o desempenho até mesmo das atividades rotineiras das pessoas;
  • Pratique exercícios físicos. Eles provocam algumas sensações semelhantes às da síndrome do pânico – taquicardia, sudorese – num contexto agradável, que ajuda a identificá-las melhor;
  • Não se automedique nem recorra ao consumo do álcool ou de outras drogas para aliviar os sintomas do pânico. Agindo assim, em vez de resolver um problema, você estará criando outros;
  • Procure assistência médica. O transtorno do pânico é uma doença como tantas outras. Quanto antes for diagnosticada, melhor será a resposta ao tratamento.