TOC – Transtorno Obsessivo-Compulsivo

O TOC – Transtorno Obsessivo-Compulsivo ou distúrbio obsessivo-compulsivo (DOC) é um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos obsessivos e compulsivos no qual o indivíduo tem comportamentos considerados estranhos para a sociedade ou para a própria pessoa. O TOC normalmente trata-se de ideias exageradas e irracionais de saúde, higiene, organização, simetria, perfeição ou manias e “rituais” que são incontroláveis ou dificilmente controláveis.

“Sempre que arrumo a mala antes de viajar, guardo a passagem no mesmo lugar. Mas, dentro do táxi que me leva ao aeroporto, preciso conferir se ela está mesmo na valise de mão. Eu sei que está, pois eu mesmo acabei de colocá-la ali, mas, se não der essa última olhada, não me tranquilizo. Entretanto, há pessoas que, numa situação como essa, não se contentam em dar só uma olhada. Precisam olhar dez, vinte, trinta vezes e, mesmo assim, continuam em dúvida e ficam ansiosas.”

Nem sempre é fácil estabelecer o limite entre preocupação natural e ansiedade exagerada diante de um fato. O que se sabe é que algumas pessoas são dominadas por pensamentos repetitivos e persistentes que geram medo ou sensação de desconforto muito grande. Esses pensamentos desagradáveis as obrigam a repetir determinados rituais para aliviar a ansiedade. Essa é a principal característica do TOC – Transtorno Obsessivo-Compulsivo, um distúrbio que provoca alterações na maneira de pensar, no comportamento, nas emoções e que pode interferir no desempenho das atividades rotineiras de seus portadores, prejudicando muito a qualidade de vida.

A principal característica do TOC é a presença de obsessões e / ou compulsões. As obsessões representam a parte mental da doença. O pensamento obsessivo funciona como um disco riscado, que fica repetindo sempre o mesmo ponto da gravação. Em geral, isso acontece contra a vontade da pessoa. Ela não quer pensar daquela forma, mas a ideia e as imagens persistem. Assim acontece com a criança na escola que de repente imagina a mãe sendo atropelada na rua.

Embora tente afugentar esse pensamento, ele fica patinando dentro de sua cabeça e o único jeito de controlar a ansiedade é realizar o ritual que caracteriza a compulsão: sair da classe e telefonar para a mãe. Ao ouvir que está tudo bem, que nada de errado aconteceu, a criança volta mais tranquila para a sala de aula. Dali a cinco minutos, porém, o pensamento retorna insistente, e ela tem necessidade de repetir o ritual do telefonema. A única maneira de livrar-se da obsessão é executar a compulsão, sempre obedecendo a certas regras. Esse é um processo que se acentua com o passar do tempo e pode tomar conta da vida dos portadores de transtorno obsessivo-compulsivo.

A obsessão é mais um pensamento que invade a mente, e a compulsão, a necessidade incontrolável de praticar um ato para aliviar a ansiedade provocada pelo pensamento indesejado. Muitas vezes, porém, a obsessão pode não aparecer. É o caso da criança de 4 ou 5 anos que lava repetidamente as mãos. Dependendo de seu grau de desenvolvimento, se lhe perguntarmos por que faz isso, o máximo que conseguirá responder é que lava as mãos porque se sente bem e pronto!

Já no adulto é muito mais comum o pensamento obsessivo estar por trás do ritual compulsivo. ”Será que peguei a passagem ou a deixei em cima da cama?” é a dúvida que o obriga a abrir a mala repetidas vezes.

É um transtorno que pode ter início na infância. Trabalhos com grandes populações revelam que 80% dos casos de transtorno obsessivo-compulsivo diagnosticados em adultos se manifestaram antes dos 18 anos e 50%, antes dos 15 anos. Em primeiro lugar, é preciso esclarecer os pais a respeito do que é sintoma da doença e do que não é e faz parte do desenvolvimento normal da criança. É muito comum eles acharem que o filho está “com frescura”, porque não consegue escolher uma roupa ou sair do banho antes de ter a sensação de que está completamente limpo. Na verdade, a obediência a rituais pode atrapalhar não só a vida do paciente, mas a vida da família inteira. Muitos adultos mobilizam todas as pessoas da casa por causa de suas manias. Saber que isso é uma doença para qual há tratamento é o primeiro passo. Quanto mais for trabalhada a explicação sobre o transtorno, melhores serão os resultados do tratamento. O passo seguinte vai depender muito da faixa etária do paciente. Há muita divergência sobre qual deve ser a primeira abordagem terapêutica. Em linhas gerais, tanto para adultos, quanto para crianças e adolescentes, existem dois tipos de tratamento: o medicamentoso e o não medicamentoso. O medicamentoso utiliza antidepressivos inibidores da serotonina. Outros tipos não funcionam. Entre os tratamentos não medicamentosos, o único comprovadamente eficaz é a terapia cognitivo-comportamental.