Os calmantes lideram vendas de remédios controlados no Brasil. Mas, o que são eles e como de fato atuam?
A grande classe de fármacos sedativos/ansiolíticos são os denominados benzodiazepínicos, que se ligam a receptores chamados GABAA presentes nas membranas dos neurônios. Entretanto, o que ativa e faz o funcionamento desses receptores é um neurotransmissor denominado ácido gama-aminobutírico (GABA), o qual é o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central.
Os medicamentos ansiolíticos dessa classe mais consumidos no Brasil entre 2007 e 2010 foram o clonazepam (Rivotril), bromazepam (Lexotan) e alprazolam (Frontal). São medicamentos que reduzem de maneira bastante importante a ansiedade com doses relativamente baixas e promovem o sono, mas são acompanhados de alguns efeitos adversos nas funções psicomotoras e cognitivas, tais como perda do autocontrole, comprometimento do discernimento e efeitos amnésicos anterógrados (não há lembrança de eventos que ocorrem durante a ação do fármaco).
As consequências do abuso dos calmantes em termos psicológicos podem ser visualizadas pelo desenvolvimento de comportamentos neuróticos, difíceis de diferenciar daqueles observados em consumidores exagerados de cafeína e cigarro. Por outro lado, a dependência fisiológica é descrita como um estado que a pessoa necessita o uso contínuo do fármaco para evitar o surgimento de uma crise de abstinência – podendo essa síndrome ser caracterizada por um aumento elevado de ansiedade, insônia, irritabilidade e até convulsões.
Muito importante ressaltar que a utilização dos calmantes ou ansiolíticos de forma crônica, geralmente, leva a essas condições de tolerância e dependência. Apesar de ser uma classe de medicamentos calmantes bastante importante na administração da ansiedade e insônia, os pacientes não devem utilizá-los de modo compulsivo e crônico quando percebem a melhora do quadro clínico. Desse modo, é sempre importante fazer um uso racional dos medicamentos, sejam eles controlados ou não.